Como enfrentar em família a enurese ou “as fugas noturnas”
Não existe uma relação direta entre incontinência noturna primária e problemas psicológicos. Nos inúmeros estudos realizados, destinados a procurar relações com deficiências intelectuais, personalidades especiais, perturbações psiquiátricas, etc., em nenhum deles se encontrou uma relação coerente. Tenha paciência e incentive o seu filho. O vosso grau de preocupação e o nível de tolerância como pais influenciará de forma decisiva a sua evolução.
Qual é realmente o problema? Em que consiste?
A enurese noturna é o termo médico para a incontinência urinária (fazer xixi) durante a noite. A criança pode ter dificuldade em reconhecer quando tem a bexiga cheia, mesmo quando está acordada, pelo que pode urinar involuntariamente em qualquer altura do dia ou da noite.
A enurese noturna é comum em crianças pequenas: 1 em cada 10 crianças de cinco anos passa por esta situação e é uma etapa normal do desenvolvimento. Não deve ser considerada como uma aprendizagem falhada do uso da casa de banho: cada criança amadurece e desenvolve o controlo da bexiga ao seu próprio ritmo e, na verdade, muito poucas conseguem controlar a micção noturna antes de 3 anos.
Quais são as causas mais comuns (às quais costumamos atribuir a incontinência)?
• Sono profundo
• Problemas emocionais
• Criança nervosa
• Aprendizagem inadequada do controlo
• Historial familiar
• Despreocupação
• Beber demasiados líquidos
• Medo do escuro
No entanto, nenhum deles é, em si, uma causa explicativa. Na maioria dos casos, acontece simplesmente porque o seu filho dorme profundamente e não acorda quando tem a bexiga cheia. Nada mais do que isso.
E você como se sente? Controlar os seus sentimentos
Se é verdade que, nas fases iniciais, os pais conseguem mostrar-se mais compreensivos com este problema, o seu prolongamento no tempo pode gerar sentimentos de frustração. Não seja intolerante, nem culpabilize a criança pelo que se está a passar: se você não gosta que ela faça xixi na cama, não se esqueça que ela ainda acha menos graça.
E a criança?
Há crianças que vivem estes incidentes com grande preocupação e há outras que os acham perfeitamente normais. Além disso, ao manter o assunto em segredo, muitas delas podem pensar que são as únicas a quem isto lhes acontece! Nestas idades, a perceção que as crianças têm do mundo é veiculada (mais ou menos) pela vivência dos pais, por isso é vosso dever “informá-las” e “motivá-las”.
Como ajudar o seu filho?
A criança precisa, principalmente, de conforto e compreensão.
Diga-lhe que a culpa não é culpa dela e que, com o tempo, tudo se resolverá. Os outros membros da família também devem ser sensíveis à questão e não permita que os irmãos mais velhos gozem com ela.
Coloque uma capa de plástico por cima do colchão e faça-a participar na lavagem dos lençóis, mas de uma forma que não seja humilhante. Pode ajudá-la a tirá-los, por exemplo.
Lembre-a que se deve levantar e ir à casa de banho ou chamar por si, e deixe um bacio no quarto se achar que a casa de banho fica longe. Já pensou se a casa de banho é acessível para a criança à noite?
Incentive-a a ir à casa de banho antes de ir para a cama, antes da história, depois…
A sua atitude como pai ou mãe
Conforme dissemos anteriormente, as interpretações que se fizerem sobre a origem do problema, o grau de preocupação e o nível de tolerância dos pais influenciam a forma como as crianças vivem a incontinência. Se os pais começarem a ficar impacientes, a tensão criada pode ser um fator de “manutenção” do problema. Do mesmo modo, uma excessiva "normalização" (dizer à criança que "não há problema") também não ajuda.
Conclusão:
A atitude recomendada para os pais é de compreensão, apoio e motivação para a mudança. É necessário que a criança se sinta motivada para colaborar e viva o molhar a cama como um inconveniente do qual não tem culpa mas que quer resolver.
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