Tratamentos da enurese para crianças com mais de 6 anos.
Tratamentos e aspectos psicológicos
Após um diagnóstico do pediatra em que se descarta uma causa médica na origem do problema urinário, poder-se-á iniciar o tratamento ou pautas de actuação determinadas pelo médico.
Aproximadamente 85% das enureses são nocturnas. No seu tratamento é fundamental o envolvimento da criança, dos pais e dos irmãos, se existirem. à muito importante que, tanto a criança como os pais, não se sintam culpados. Ninguém fez nada de mal, trata-se de um problema que se deve única e exclusivamente à falta de maturação da criança
A intervenção mais eficaz no caso da enurese nocturna é a terapia motivacional combinando diferentes técnicas de modificação de comportamento. No caso da enurese nocturna primária, a mais frequente, sabemos que se trata de uma disfunção que pode ser resolvida num elevada percentagem dos casos.
Terapia motivacional:
A terapia motivacional deve estar sempre presente acompanhando outras técnicas. Ã necessário incentivar a criança a resolver o seu problema e, para tal, os pais também devem estar motivados. A criança deve ter consciência dos incómodos que a enurese lhe causa para estar motivada e esforçar-se por resolvê-la.
Tanto os pais como as crianças devem entender o funcionamento do aparelho urinário. Há que ser cuidadoso ao explicar à criança de uma forma simples e clara o trabalho que vamos realizar e como a sua colaboração é importante para a resolução do problema, assim como as vantagens que a resolução do mesmo trará: poder ficar a dormir em casa de amigos, fazer excursões sem a preocupação de possíveis acidentes nocturnos, etc.
Em todo o caso, convém ter em conta que a motivação sem acompanhamento de técnicas de modificação de comportamento nem sempre é suficiente para resolver o problema e, em caso algum, se deve pressionar a criança, dado que estamos a falar de um tema de maturação que escapa ao seu controlo.
Indicações para explicar à criança como se faz xixi:
Os líquidos que o nosso corpo não necessita são acumulados na bexiga, que é como um balão que vai enchendo à medida que se vai colocando mais líquido nele.
A bexiga (o balão) tem "uma torneira" que se chama uretra e que avisa o nosso cérebro (através do Sistema Nervoso Central) quando o balão está cheio e o devemos esvaziar.
Normalmente, nós controlamos essa torneira de dia (como tu) e também de noite e somos capazes de dizer à torneira para aguentar e para não se abrir até chegarmos à sanita.
Mas, em muitos casos, como o teu, durante a noite, enquanto dormes não te apercebes do aviso da torneira. Por isso, não acordas, a torneira abre-se sozinha e molhas a cama
Intervenções de consciencialização e melhoria do sistema urinário
Exercícios de treino vesical:
Nos pacientes com reduzida capacidade funcional da bexiga, tenta-se aumentar a capacidade de retenção. Pode servir de ajuda em crianças com enurese nocturna primária quando se observa que, durante o dia, necessitam de ir muitas vezes à casa de banho. Trata-se de ensinar a criança a tentar controlar a urina mais algum tempo (o máximo que conseguir).
Exercícios de controlo da uretra: Trata-se de "jogar" a soltar e a reter o xixi várias vezes quando for à casa de banho (interromper o jacto de xixi).
Terapias de modificação de comportamento:
A terapia motivacional apoia-se normalmente em técnicas de modificação comportamental. Quando se decide iniciar o tratamento, é necessário retirar à criança a fralda ou as cuecas especiais para a incontinência. Se vir que a criança está pouco disposta a colaborar, é melhor não começar. à um tratamento activo que exige um compromisso e vontade por parte da criança.
Existem basicamente dois:
Calendário: regista-se a evolução da criança no comportamento de molhar a cama através de símbolos atraentes para ela (sol-nuvens, semáforosâ e é acompanhado por um programa de reforço. Na secção Ideias para as Happynoites oferecemos-lhe os nossos calendario motivacionais.
Dispositivo de alarme: com o dispositivo de alarme obtêm-se os melhores resultados e é o tratamento de primeira escolha na enurese nocturna primária. Os resultados são óptimos quando combinado com a técnica motivacional. O seu objectivo é, através do som de um alarme, conseguir acordar a criança quando se começa a urinar, criando um reflexo condicionado, segundo o qual consegue acordar face à emissão de urina. Tratar-se-ia, portanto, de uma técnica de aprendizagem na qual no fim se consegue com que seja a sensação corporal, em vez do alarme, a avisar e a acordar a criança a tempo antes de fazer xixi. Precisa de uns pais colaborantes e de uma criança com motivação para resolver o seu problema
Explica-se o funcionamento do sistema urinário à criançaâ¦
Os líquidos que o nosso corpo não necessita são acumulados na bexiga, que é como um balão que vai enchendo à medida que se vai colocando mais líquido nele.
A bexiga (o balão) tem "uma torneira" que se chama uretra e que avisa o nosso cérebro (através do Sistema Nervoso Central) quando o balão está cheio e o devemos esvaziar.
Normalmente, nós controlamos essa torneira de dia (como tu) e também de noite e somos capazes de dizer à torneira para aguentar e para não se abrir até chegarmos à sanita.
Mas, em muitos casos, como o teu, durante a noite, enquanto dormes não te apercebes do aviso da torneira. Por isso, não acordas, a torneira abre-se sozinha e molhas a cama
a seguir, como funciona o alarme.
Para aprenderes a acordar, pões este alarme, que, quando tocar, avisa-te que deves acordar e ir à casa de banho… porque o balão já está cheio.
à como um despertador que te avisa sobre o momento preciso em que estás a começar a fazer xixi e, nesse momento exacto, acorda-te.
Uma vez acordado, o que tens que fazer é aguentar o xixi por breves instantes até chegares à sanita e depois fazê-lo (isto é, "abrir a torneira").
Ao fim de alguns ensaios, aprenderás a acordar quando o balão estiver cheio e a controlar a torneira.
Também se acorda com ela as seguintes pautas de actuação:
1.- Todas as noites, quando fores fazer o último xixi, deves parar o "jacto" várias vezes. Assim lembras-te de que existe uma torneira que tu controlas.
2.- Deves colocar o aparelho seguindo as instruções indicadas e convicto de que vais conseguir.
3.- Durante a noite podem acontecer três coisas, que anotaremos num registo calendario
Toca o alarme mas não acordas a tempo ou quando acordas já molhaste a cama. Deverás mudar de roupa, secar o sensor e colocá-lo novamente. Assinalamos a VERMELHO no calendário. Toca, tu acordas, vais à casa de banho, secas o sensor e trocas de roupa interior (se estiver molhada), mas não chegaste a molhar a cama. Assinalamos a AMARELO no calendário.
Toca, ou porque controlaste a torneira e aguentaste a vontade toda a noite ou porque acordaste por ti mesmo. Assinalamos a VERDE no calendário.
Durante a primeira semana, até te habituares, é possível que tenhas vários dias A VERMELHO. Não desanimes porque é normal. Precisas de algum tempo para te habituares. à possível que necessites da ajuda dos teus pais no início. Nas semanas seguintes cada vez há mais dias amarelos e começa algum verde… que irão aumentando cada vez mais até os conseguires todos.
4.- Se molhaste a cama, não desanimes, deves pegar nos lençóis e pô-los no cesto da roupa suja, como forma de te responsabilizares na resolução do teu problema.
Os pais devem ajudar a criança nos primeiros dias da instauração do alarme. Ensinar-lhe como se coloca e incentivá-la no processo. Também nas primeiras noites é possível que tenham que ajudar a criança a acordar, por não estar habituada a fazê-lo com um alarme. à aconselhável irem ao seu quarto, acordá-la e acompanhá-la à casa de banho. à importante que a criança esteja desperta quando estiver na casa de banho a urinar. O objectivo, no entanto, é que a criança realize o processo da forma mais autónoma possível, pelo que os pais deverão paulatinamente ir-se retirando assim que a criança assuma o controlo do processo.
Quando a criança tiver quinze noites "secas" (verdes) seguidas, é recomendável retirar o aparelho. Ã possível que haja alguma recaída. Nesse caso, volta-se a introduzir o alarme cinco dias seguidos. Considera-se ultrapassada a enurese quando se conseguirem 28 noites "secas".
Como factores de bom prognóstico para a eficácia do programa está a idade da criança (quanto mais idade, mais eficácia), a vontade de resolver o problema e o envolvimento na intervenção.
O tempo de duração do tratamento é variável e depende de cada caso. Preditores de intervenções mais prolongadas são molhar diariamente a cama, assim como fazer mais do que uma vez por noite. O facto de ter realizado muitas intervenções sem êxito também dificulta o processo.
PASSOS A SEGUIR NA UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE ALARME
Exclusão de causas orgânicas por parte do pediatra.
Avaliação prévia e clarificação do ponto de partida.
Conversação franca e compromisso das partes.
Elaboração do plano de acção.
Programa de reforço com registo.
Acompanhamento do progresso.
Tratamento Farmacológico
Para tratar a enurese seguem-se uma série de intervenções comportamentais e, em casos isolados, tratamento farmacológico que nunca deve ser seguido como tratamento inicial e muito raramente em crianças com menos de 8 anos
Entre os diferentes fármacos que foram utilizados estão os antidepressivos tricíclicos, cuja utilidade advém da influência que têm sobre as características do sono e por um provável efeito antidiurético. São eficazes em menos de 50% das crianças enuréticas e a taxa de recaídas após a sua interrupção é muito elevada. Outro fármaco muito utilizado é a desmopressina, que actua reduzindo o volume de urina durante a noite e tem uma eficácia de 40-80% mas com uma taxa de recaídas alta. Com a sua toma, o número de noites húmidas por semana diminui rapidamente, mas existe alguma evidência de que isto não se mantém depois de terminado o tratamento. Estes medicamentos têm uma taxa elevada de efeitos secundários, em alguns casos graves, e por este motivo, aliado ao facto de, ao terminar o tratamento, o número de recaídas ser elevado, não é recomendável a sua utilização no tratamento da enurese salvo em casos muito concretos e sob apertada vigilância médica.
Factores de êxito e de fracasso do tratamento
Factores de bom prognóstico na resolução do problema quando se inicia um tratamento
Idade adequada.(+5 raparigas, +6 rapazes)
Que não molhe a cama todos os dias.
Motivação da criança para resolver o problema.
Pais motivadores da mudança, não demasiado autoritários ou que pressionem a criança.
Bom ambiente familiar.
Boa adaptação da criança aos seus ambientes (escola, amigos¦).
Factores que dificultam o bom prognóstico ao iniciar um tratamento
Criança despreocupada e/ou pouco envolvida.
Tenra idade (nunca antes dos seis anos).
Episódios diários, isto é, que molhe a cama todas as noites.
Que molhe a cama mais do que uma vez numa noite.
Ambientes de ansiedade.
Problemas de adaptação ou emocionais por parte da criança (dificuldades de rendimento na escola, problemas de relacionamento com colegas, conflitos frequentes em casa…).
Ter experimentado muitas estratégias inadequadas para tentar resolver o problema.
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